terça-feira, 7 de abril de 2020

Texto: Jeca Tatu (Pré-Modernismo) 3º EM "A", "B" e "C"


Texto: Jeca Tatu – Fragmento

         Pobre Jeca Tatu! Como és bonito no romance e feio na realidade!
        Jeca mercador, Jeca lavrador, Jeca filósofo...
        Quando comparece às feiras, todo mundo logo adivinha o que ele traz: sempre coisas que a natureza derrama pelo mato e ao homem só custa o gesto de espichar a mão e colher (...) Nada mais.
        Seu grande cuidado é espremer todas as consequências da lei do menor esforço – e nisto vai longe.
        Começa na morada. Sua casa de sapé e lama faz sorrir aos bichos que moram em toca e gargalhar ao joão-de-barro. Pura biboca de bosquímano. Mobília, nenhuma. A cama é uma espipada esteira de peri posta sobre o chão batido.
        Às vezes se dá ao luxo de um banquinho de três pernas – para os hóspedes. Três pernas permitem equilíbrio; inútil, portando, meter a quarta, o que ainda o obrigaria a nivelar o chão. Para que assentos, se a natureza os dotou de sólidos, rachados calcanhares sobre os quais se sentam?
        Nenhum talher. Não é a munheca um talher completo – colher, garfo e faca a um tempo?
        Seus remotos avós não gozaram maiores comodidades. Seus netos não meterão quarta perna ao banco. Para quê? Vive-se bem sem isso.
        Se pelotas de barro caem, abrindo seteiras na parede, Jeca não se move a repô-las. Ficam pelo resto da vida os buracos abertos, a entremostrarem nesgas de céu.
        Quando a palha do teto, apodrecida, greta em fendas por onde pinga a chuva, Jeca, em vez de remendar a tortura, limita-se, cada vez que chove, a aparar numa gamelinha a água gotejante...
        Remendo... Para quê? Se uma casa dura dez anos e faltam “apenas” nove para que ele abandone aquela? Esta filosofia economiza reparos.
      LOBATO, Monteiro. Urupês. São Paulo, Brasiliense, 1948. p. 245-6.
Fonte: Livro- Português – Série – Novo Ensino Médio – Vol. único. Ed. Ática – 2000- p. 335-7.

Entendendo o texto:

1 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras que estão em negrito no texto. Pesquise na Internet:

2 – O que podemos concluir ao compararmos a personagem de Monteiro Lobato com o índio Peri, de José de Alencar, e os bravos e orgulhosos caboclos dos romances regionalistas do mesmo período?

3 – Em Jeca Tatu, Monteiro Lobato investe contra a idealização do caboclo, apontando algumas das suas características negativas. Qual delas é a mais criticada no texto?

4 – Jeca mercador, Jeca lavrador, Jeca filósofo...” Este parágrafo refere-se ao Jeca de Monteiro Lobato ou aos caboclos dos romances românticos?

5 – Você crê que Monteiro Lobato queria chamar a atenção para uma realidade que deveria ser invertida ou pretendeu apenas ridicularizar o caboclo? Por quê?

Ampliando o texto

Pobre Jeca Tatu! Com és bonito no romance e feio na realidade!

Em Urupês (1918), Monteiro Lobato cria a figura do Jeca Tatu, o caipira atrasado e indolente. Mais tarde, Lobato se conscientizaria de que o tipo era uma consequência de problemas socioeconômicos e da ausência de reformas que dessem ao homem do campo condições de desenvolvimento.

Segundo você, que reformas e ações governamentais podem contribuir para a melhoria das condições de vida do homem do campo?


Estratégias de controle da devolução da atividade


Alunos encaminhem as anotações da aula via whats até o 13/04/2020 (segunda-feira)

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